O Caso da Vara
O Caso da Vara é um dos contos mais famosos de Machado de Assis, publicado inicialmente na Gazeta de Notícias, no ano de 1891, e republicado no livro Páginas Recolhidas. O conto, fala sobre a história de Damião, um fugitivo do seminário, que tem uma difícil escolha a fazer.
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[esconder]A história[editar | editar código-fonte]
Machado de Assis, conta brevemente a história de um seminarista fugitivo, que tem medo de voltar para casa, pois sabe que o pai o levará de volta ao seminário. Portanto, Damião foge e se esconde na casa de Sinhá Rita. A mulher promete ajudá-lo e por isso Damião permanece.
Porém, Sinhá Rita, tem uma escrava chamada Lucrécia, uma garota que é maltratada por ela.
Damião, vendo a situação, promete a si mesmo que iria apadrinhar Lucrécia. Mas chega um momento, em que Sinhá Rita vai castigar Lucrécia e pede a vara a Damião, que fica em dúvida entre ajudar Lucrécia ou entregar a vara e receber a ajuda de Sinhá Rita. Por fim, ele decide entregar a vara.
Damião e Lucrécia[editar | editar código-fonte]
No final do conto, Machado de Assis usa sua ironia para fazer uma crítica contra a escravidão da época, porém, essa crítica perpetua até hoje, e nos faz refletir, se todas as pessoas são cruéis e interesseiras como Damião - justamente como ocorre nos dias atuais, em que algumas pessoas perpetuam suas mentalidades racistas, sexistas e esperistas; sempre entregando a vara e matando Lucrécia.
Breve análise - imagem do negro na obra[editar | editar código-fonte]
Apesar de o autor não ter escrito, sabe-se, porém, que Lucrécia apanhou de Sinhá Rita e o contexto nos permite dizer que não foi pouco. A imagem que o negro tem nessa obra de Machado de Assis é de um negro frágil, dependente, submisso. O conto foi escrito após a abolição da escravidão, no entanto, alguns senhores da época ainda guardavam os pensamentos preconceituosos e racistas da época. Mas, além disso, existia a realidade social: os negros não tinham muitas escolhas naquele momento pós-abolição, pois eles ainda não teriam como conseguir levar uma vida digna fora das casas de seus senhores. Sendo assim, eles não tinham muitas escolhas, além de trabalhar, dever satisfações de suas tarefas diárias e apanhar, se fosse preciso. Lucrécia "era uma negrinha, magricela, um frangalho de nada, com uma cicatriz na testa e uma queimadura na mão esquerda. Contava onze anos.". Essa menina tossia, mas tossia para dentro porque não queria nem podia atrapalhar a conversa que estava acontecendo na sala, ou seja, mesmo a conversa tendo graça, ela não podia nem rir, nem tossir para não atrapalhar. Podia somente trabalhar e cumprir a obrigação diária. Um negro totalmente diferente do negro que podemos encontrar em outros contos e obras, como por exemplo, em "O Negro Bonifácio", de Simões Lopes Neto.